domingo, 9 de agosto de 2020

Quem protege os idosos em Portugal?

in oeirasdigital.pt

Notícias sobre idosos são quase constantes nos meios de comunicação social e referem muitas vezes maus tratos, abandonos, falta de assistência a quem já deu o seu contributo uma vida inteira à sociedade, à família, ou até ao Estado, que, pelos vistos, não lhe presta grande atenção.

Ouvimos relatos inconcebíveis todos os dias ou vemos imagens constrangedoras nos meios televisivos, referentes a idosos! E no que diz respeito a Lares ou Residências para Idosos, em plena pandemia, então, nem se fala!

Esta é mais uma notícia igual ou semelhante a tantas outras! Todos temos de contribuir para que esta situação se inverta! Trata-se de seres humanos que deram o seu contributo individual toda uma vida! Com maus tratos e indiferença? Contribuíram com muito para que certos setores do quotidiano de todos nós, acontecesse! É assim que se lhes paga? Desprezando-os ou ignorando-os, como se fossem lixo?

Ao lermos estas notícias, arrepiamo-nos, revoltamo-nos com tamanhas injustiças!

"O que é feito da dona Isabel?" Vizinhos contam como deram pela falta de idosa que o filho terá deixado morrer à fome

Vizinhos estranharam a casa estar sempre fechada, mas não chamaram as autoridades porque o filho vivia com ela. Ele acabou preso, suspeito do homicídio da mãe por não ter cuidado dela

(ler mais in observador.pt de 06.08.2020, por Sónia Simões)


Grândola. Homem de 53 anos detido por deixar a mãe de 82 anos à fome até morrer 

Homem de 53 anos não trabalhava e recebia a pensão da mãe. A idosa de 82 anos já não saía do quarto e a PJ acredita que ele não a alimentava para que morresse. O suspeito ficou em prisão preventiva.

“Um cenário miserável de habitabilidade”. Foi assim que uma fonte da Polícia Judiciária de Setúbal descreveu ao Observador a casa em Grândola onde este fim de semana um homem de 53 anos foi detido por suspeito de ter morto a mãe, de 82, deixando-a aparentemente morrer à fome.Há cinco anos que o agora suspeito, filho único e sem ocupação profissional conhecida, tinha voltado à casa da mãe depois de um divórcio. Na altura a vítima ainda era vista na rua, com alguma autonomia, e era ela que fazia questão de se dirigir ao posto dos CTT para levantar a sua reforma. Segundo testemunhas no local à PJ, no entanto, há dois anos numa dessas idas aos correios sentiu-se mal e acabou por ter que ser assistida no hospital, apresentando já à data sinais de desidratação.

O tempo foi passando e os vizinhos viam-na cada vez menos. Também as persianas do quarto onde dormia eram cada vez menos abertas. Com a pandemia, no entanto, todos se recolheram em casa e o próprio carteiro começou a levar-lhe a reforma à porta. O filho mostrava o cartão de cidadão da mãe e recebia-a.

Pela hora de almoço do último sábado foi ele que ligou ao INEM dando conta de que a mãe teria morrido. Mas quando o INEM e a GNR chegaram ao local aperceberam-se logo de um cenário “miserável”. A PJ foi chamada ao local por se tratar de uma morte e suspeitou logo das circunstâncias da morte da idosa.

“Estava esquelética, subnutrida e com vários escaras no corpo, como quem está há muito tempo na mesma posição”, disse.

No entanto, o filho, esse não parecia subnutrido.

Nos últimos meses havia mesmo quem lhes levasse sacos a casa com bens alimentares, como a apurou a PJ numa primeira recolha de prova testemunhal. Mas essa comida, suspeita-se agora, nunca terá chegado à vítima. As autoridades acreditam que o seu filho quis que morresse à fome, para parecer uma morte natural. “Talvez por não ter coragem de lhe tirar a vida de uma forma mais violenta”, analisa fonte da PJ, que diz que o suspeito teve um discurso muito contraditório e pouco credível sobre os factos.
Perante as primeiras provas recolhidas, a PJ deteve o filho da vítima por suspeitas de homicídio qualificado, por acreditar que ele quis mesmo provocar a morte à mãe e nada fez para evitá-la. Foi mais que maus tratos, considera a PJ. Mantinha-a “fechada em casa e confinada ao quarto de dormir, privada de alimentos, bebida e cuidados de saúde, assistindo impávido ao degradar do seu estado, até à falência total dos órgãos vitais e consequente morte, no passado sábado”, lê-se no comunicado.

O suspeito foi segunda-feira presente a tribunal. O corpo da mãe ainda será autopsiado. A PJ acredita que não teria morrido muito tempo antes de o filho alertar as autoridades.

Segundo noticiou, entretanto, o jornal Correio da Manhã, o suspeito ficou em prisão preventiva, depois de ter deixado “a mãe idosa morrer à fome”.

(in observador.pt, 03.08.2020 texto por Sónia Simões)

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