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Ó Pardal, delícia da minha amada,
com o qual costuma brincar, que costuma ter no seio
e ao qual costuma dar a ponta do dedo a bicar,
provocando assim as suas agudas picadas,
quando a essa linda mulher, que é o objeto dos meus desejos,
apetece brincar a um jogo que lhe é querido
e que é ao mesmo tempo um subtil alívio para a sua paixão,
julgo eu, para que se acalme o forte ardor:
pudesse eu, assim como ela, brincar contigo
e aliviar também os meus tristes pensamentos.
Esta sua brincadeira é-me tão agradável como dizem
que foi para a jovem ágil a maçã de oiro,
que lhe fez desligar o cinto (1) há muito ligado.
(1) alusão aos cintos que as donzelas gregas e romanas usavam
e que o marido desligava no primeiro dia do casamento.
in Poesias, Caio Valério Catulo,
Texto Latino e versão portuguesa por Ema Barcelos,
Tomo I, Porto Editora
in Poesias, Caio Valério Catulo,
Texto Latino e versão portuguesa por Ema Barcelos,
Tomo I, Porto Editora
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