sexta-feira, 23 de abril de 2021

A maior parte dos Centros de Dia não voltou a abrir

Os nossos dirigentes vão ter de fazer um esforço muito grande para solucionar os problemas das pessoas, que, durante a pandemia, foram acometidas de graves problemas pessoais de saúde ou de cariz social . 

Não são só os que sofrem sequelas da COVID 19, mas também os que foram surpreendidos com diabetes, doenças cardíacas, doenças renais, e outras das mais diversas que lhes surgiram sem contar com isso, todos eles se sentem "perdidos"... 

É inconcebível que o Estado não consiga chegar a todos com os apoios necessários para acudir a quem está a sofrer, muitos deles condicionados em casa, completamente sozinhos e outros completamente isolados meses e meses a fio (os Centros de Dia estão fechados), dependentes de terceiros e sem qualquer convívio, para além de se sentirem completamente afastados da vida, do quotidiano, de tudo e de todos, até da família mais próxima, por imperativos da pandemia... Uns e outros sentem-se impotentes perante tal situação. 

Ainda o que vai valendo são os apoios da Santa Casa da Misericórdia, mas são tantos os casos, que, sozinha, também não pode acudir a tudo! E é preciso acautelar a situação das pessoas, quando se der o desconfinamento, algumas delas poderão ter recuperado, mas, e as outras? as que não têm mais ninguém perto de si, nenhum familiar que lhes chegue...? como vai ser? Como vão resolver o seu dia-a-dia?  O SNS vai criar estruturas de apoio para tanta gente a necessitar de apoio? Ou será a Segurança Social que tem de enfrentar este gravíssimo problema no nosso país?


imagem in sns.gov.pt


O artigo do SEMANÁRIO EXPRESSO, de 09.04.2021 fala-nos da situação:

A exigência não é nova mas apanhou muitos desprevenidos. Para reabrirem, os centros de dia têm de cumprir com as regras indicadas num decreto-lei aprovado a 13 de março de 2020, que, entre outras exigências, determina que as instituições acopladas — isto é, com instalações comuns com lares ou creches —, que representarão a maioria, têm de ter uma vistoria da Segurança Social em conjunto com especialistas em saúde pública para assegurarem determinadas condições de funcionamento. Entre elas, condições de acesso para o não cruzamento entre utentes do centro de dia e das outras valências, a não partilha de funcionários e uma lotação mais limitada. O Expresso sabe que alguns dos e-mails a notificarem destas condições de reabertura só chegaram às caixas de correio eletrónico na manhã de segunda-feira, o dia em que as estruturas iam reabrir. Além disso, as vistorias têm de ser marcadas e em muitos casos poderão demorar mais de uma semana a acontecer. Num destes e-mails, a que o Expresso teve acesso, lê-se que os centros de dia acoplados só poderão abrir “sem ser necessário qualquer procedimento prévio” nos casos em que a vistoria já tenha sido realizada no ano passado e em que “mantenham atualmente as mesmas condições de funcionamento”. Na prática, diz o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), “a maioria fez essas adaptações” logo em 2020, para poder reabrir após o primeiro confinamento determinado pela pandemia. “O que não houve ainda, em muitos casos, foi a validação dessas adaptações”, admite, e ela não foi iniciada com a devida antecedência. “Tenho notado uma grande pressão para que este processo de vistoria e de aprovação das adaptações seja célere”, assegura.

70% NÃO CHEGARAM A REABRIR

A maioria dos centros de dia não chegou a reabrir, diz o padre Lino Maia. Nas suas contas, apenas cerca de 30% terão reaberto em agosto. Os outros, há um ano que funcionam em regime de apoio domiciliário. Em parte, na base da decisão estará a dificuldade de adaptação às exigências que, em muitos casos, implica realização de obras, contratação de pessoal ou seleção dos utentes a ter nas instalações e dos que continuam com apoio domiciliário. Para algumas das estruturas, a reabertura não é compensatória. Mas os especialistas sublinham que o apoio domiciliário fica muito aquém, “só substitui o apoio na higiene e o levar a comida, não traz o resto”, lembra a socióloga Alexandra Lopes, especialista em questões demográficas e do envelhecimento. “A componente mais importante do centro de dia é o estar com outros”, argumenta, considerando que a falta de contacto social acarreta “a receita para o agravamento rápido de processos de deterioração cognitiva” nestas idades.

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