terça-feira, 1 de junho de 2021

Parabéns a todas as crianças, neste Dia Mundial da Criança - 1 de junho!



Hoje é dia de alegria para todas as crianças, mas elas necessitam, cada vez mais de amor, carinho e muita compreensão.

Por isso mesmo, deixo aqui uma reflexão profunda sobre a situação por que muitas crianças estão a passar em todo o mundo.

É urgente que cada um de nós aja e reaja! 

E, no entanto, a Terra continua a girar

Hoje é dia de festa nas escolas de todo o país.

Além de muito amor e compreensão, as crianças devem crescer em segurança e ter uma formação completa na sua educação, para se sentirem felizes. 

Mas, infelizmente, não é isso que se verifica em muitos pontos do nosso planeta. 

Continuamos a ter conhecimento do trabalho infantil por esse mundo fora, e com esta pandemia os números são assustadores. 

As escolas ao fecharem fizeram aumentar esses números, com famílias a passar fome e privadas de outros bens essenciais e há muitos lares em muitos pontos do globo em que são as crianças, os jovens ou os adolescentes que vão trabalhar.

Neste dia, fica um vídeo de música e alegria, mas deixo aqui também um artigo muito "realista" que nos obriga a uma reflexão profunda, em relação à situação de muitas crianças no mundo. 

Nas escolas, o dia é de festa. Dia de relembrar os direitos das crianças porque é o seu dia. Dia de lembrar que devem crescer em segurança, com amor, com tempo para brincar, com educação garantida a todos os níveis. Mas, como foi moda por aí, “só que não”. 

O último relatório da Organização Internacional para o Trabalho sobre o trabalho infantil data de 2017 (é atualizado a cada quatro anos e o próximo sai a 12 deste mês) e mostra que 152 milhões de crianças trabalham, quase metade (62,1 milhões) na África Subsariana. Do total, 73 milhões fazem-no em condições que põem em causa a sua integridade física. E se a maioria deste trabalho perigoso cai nos ombros de adolescentes entre os 15 e os 17 anos, um quarto – vamos pôr isto em números, são 19 milhões – cabe a menores de 12. 

Os números são feios? São. Muito. São arrepiantes? Muito. Mas ainda assim, se recuarmos ao penúltimo relatório, encontramos, em vez dos 152 milhões, 265 milhões. 
E não, não estamos a falar de ajudar a família durante umas “horinhas”. Dos 7 aos 14 anos – ou seja nos primeiros anos de ensino – no Bangladesh, as crianças que trabalhavam faziam-no durante uma média de 32 horas por semana, em 2013, segundo o Our World in Data. 

A pandemia, claro, só agravou o drama: O impacto económico da Covid-19 somou-se ao encerramento das escolas e fez aumentar o trabalho infantil em todo o mundo. "Comecei a trabalhar porque estávamos tão mal", ouviu a Human Rights Watch de uma rapariga de 13 anos no Uganda. "A fome em casa era demasiada para nos sentarmos e esperarmos." 
Continuando: contas feitas pela Unicef, uma em cada cinco crianças no mundo não tem água suficiente para as suas necessidades. E 3.1 milhões morrem anualmente à fome
Podíamos continuar pelo espaço equivalente a três newsletters destas a desfiar as contas deste rosário interminável, mas vamos, agora, fazer um zoom a Portugal. 7,33% das crianças que frequentam o 4.º ano de escolaridade admitiram sentir fome "todos os dias" quando chegam à escola e, nos dias que se seguiram à divulgação de mais um ranking das escolas, multiplicaram-se os lembretes de que há alunos que consomem na cantina a primeira refeição do dia e/ou a única refeição quente. 
Ainda por cá, há cerca de 35 mil menores debaixo de olho da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens por sofrerem de maus tratos e mais de metade deste total tem até três anos. A APAV, por seu lado, ajudou quase 1.600 crianças vítimas de violência sexual nos últimos 5 anos e, aqui, a tendência não é para melhorar: dos 195 em 2016, chegámos aos 432 em 2020. E depois há, como se tem tornado evidente, os casos todos que escapam às malhas das instituições e saltam para as primeiras páginas dos jornais e aberturas dos noticiários e dos sites pelas razões mais trágicas. 
Se fossem só três crianças no mundo inteiro a trabalhar em vez de estudar; se fossem só três a ter de deixar tudo para fugir da guerra; se fossem só três a ter medo de fechar os olhos porque lhes pode cair um míssil em cima a qualquer momento; se fossem só três a guardar o segredo ou a memória de um abuso sexual ou agressão; se fossem só três com fome; se fossem só três sem esperança no olhar… eram três a mais.

(IN Ponto de Vista - Visão do Dia - por Clara Cardoso, 1 de junho 2021)

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