sexta-feira, 4 de junho de 2021

Reino Unido retira novamente Portugal da lista dos países seguros

Este artigo de opinião ou ponto de vista de Mafalda Anjos e que a seguir transcrevo (com a devida vénia), transmite-nos uma decisão tomada pelo Reino Unido, simplesmente lamentável!

É irónico: Portugal recebeu os adeptos ingleses de braços abertos há oito dias...

Mas como dirão os franceses: "c'est la vie"...!

Portugal já devia ter aprendido a lição e não se deixar manipular pelo governo inglês como se fosse uma "marionnette"...





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Thanks. But no thanks.

Como quase sempre, a história tem uma lição para nos dar. Esta data de 1703, chama-se Tratado de Methuen, mais conhecido como o "tratado dos panos e dos vinhos". Por esta altura, D. Manuel Teles da Silva, Marquês de Alegrete, celebrou com o embaixador John Methuen um acordo que nos sairia caro: permitimos que o tecido de lã inglês fosse importado para Portugal com isenção de taxas e impostos e, em troca, os vinhos portugueses entravam em Inglaterra com um desconto de um terço de direitos face ao que era aplicado aos vinhos franceses. O que pareceu um bom negócio, revelou-se uma opção desastrosa: Portugal não desenvolveu a sua indústria têxtil porque importava tecidos ingleses, e pouco vinho acabou por exportar. O saldo foi fortemente negativo para o lado luso. Continuámos pobretes mas alegretes. 
Saltamos 318 anos adiante, e chegamos aos dias de hoje. Em comum a mesma sensação de dar com uma mão, e ser “subtraído” com a outra. 
A 7 de maio Portugal foi retirado da lista verde do Reino Unido, deixando de ser obrigatória a quarentena de 10 dias aos turistas que regressassem ao Reino Unido depois de uma temporada no País. A 13 de maio a UEFA anuncia a final da Champions na cidade do Porto. A 29 de maio o País acolheu o jogo entre Manchester City e o Chelsea, e recebeu cerca de 16 mil adeptos britânicos, que estiveram envolvidos em desacatos e desrespeitaram as normas de segurança no País. A 3 de junho sabe-se que o Reino Unido vai retirar novamente Portugal (incluindo a Madeira e os Açores) da lista de países seguros. 
São, naturalmente, distintas as entidades responsáveis pelas decisões, mas esta cronologia sabe, pelo menos, a balde água fria e desânimo. E é, sem dúvida, uma derrota política e diplomática. A decisão britânica, justificada com o aumento da incidência e a mutação nepalesa da variante indiana em circulação no continente europeu, apanhou o Governo nacional de surpresa, que afirmou hoje que vai "tomar nota" da decisão do executivo britânico, assinalando que o País prossegue um desconfinamento "prudente". E quer agora negociar passaportes de vacinação para salvar o verão. 
Os efeitos, esses, já se fazem sentir. A escassas semanas do verão, começaram de imediato os cancelamentos no Algarve. Operadores turísticos e dirigentes de companhias aéreas criticaram o governo britânico e receiam os fortes impactos que a inclusão na lista amarela pode trazer à economia nacional, sobretudo no Algarve. Para a Confederação do Turismo de Portugal, a decisão é nada menos do que "desastrosa". 

Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos e as medidas, diplomáticas e económicas, de contenção de danos. (In Ponto de Vista, Visão do Dia, Mafalda Anjos, 4 junho 2021)

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