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A Epopeia dos Malteses
in "O Último Lusíada"
Choros que o pó amassaram,
Ódios, fel, desesperança,
Minha crueza geraram:
Sou a estátua da Vingança!
Maltês, meu nome de guerra!
Ver-me é logo pressentir
Que o vento sul se descerra:
Já mirram searas de o ouvir!
(---)
Meu sangue reza nas veias;
Por quem reza? Por quem chora?
Pelos que em terras alheias
Foram escravos outrora!
(...)
Coveiro da própria raça!
Dor de além dor! Ao que vim!
Grito e o medo me trespassa,
Acordo e fujo de mim!
Existo e ausento-me. Há scuro
Na minha memória: em vão
Me interrogo e me procuro...
Sou realidade ou visão?
(...)
Ascendo às regiões supremas;
Ao alto, bem ao alto, ao cimo,
Quebro todas as algemas:
Não sou eu; sou Deus, - redimo!
Ricos, prostrai-vos: é a hora!
Sou Deus, esmago Satã:
Do sangue nasce uma aurora,
Nas almas é já amanhã!
In: b.i assp (2o trimestre 2023)
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