segunda-feira, 29 de abril de 2024

Mário Beirão - o poeta alentejano esquecido

Mário Beirão – Wikipédia, a enciclopédia livre

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A Epopeia dos Malteses 

in "O Último Lusíada" 

Choros que o pó amassaram, 

Ódios, fel, desesperança,

Minha crueza geraram:

Sou a estátua da Vingança!


Maltês, meu nome de guerra!

Ver-me é logo pressentir

Que o vento sul se descerra:

Já mirram searas de o ouvir!

(---)

Meu sangue reza nas veias;

Por quem reza? Por quem chora?

Pelos que em terras alheias 

Foram escravos outrora!

(...)

Coveiro da própria raça!

Dor de além dor! Ao que vim!

Grito e o medo me trespassa,

Acordo e fujo de mim!


Existo e ausento-me. Há scuro

Na minha memória: em vão

Me interrogo e me procuro...

Sou realidade ou visão?

(...)

Ascendo às regiões supremas;

Ao alto, bem ao alto, ao cimo,

Quebro todas as algemas:

Não sou eu; sou Deus, - redimo!

Ricos, prostrai-vos: é a hora!

Sou Deus, esmago Satã:

Do sangue nasce uma aurora,

Nas almas é já amanhã!

In: b.i assp (2o trimestre 2023)


Mário Pires Gomes Beirão - Portal da Literatura

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