Mário Quintana foi um pensador, poeta, tradutor e jornalista brasileiro, que nasceu em Alegrete a 30 de Julho de 1906 e morreu a 5 de Maio de 1994, em Portalegre.
É considerado um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
Em 1936 trabalha, com Erico Veríssimo, para a Editora Globo. É publicada a obra "Espelho Mágico", em 1951, com prefácio de Monteiro Lobato.
Em Agosto de 1966, Manuel Bandeira e Augusto Meyer homenageiam o poeta na Academia Brasileira de Letras.
A sua obra "Antologia Poética" recebe o prémio Fernando Chinaglia, de melhor livro do ano.
Até ao fim da sua vida, aos 88 anos, Mário Quintana é alvo de várias honrarias. Pelos seus 80 anos, a Editora Globo lança a Colectânea "80 anos de Poesia".
link: http://www.pensador.info/autor/Mario_Quintana/
Alguns Poemas de Mário Quintana:
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
XII
Para Erico Verissimo
O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...
Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude...
BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
CANÇÃO DE BARCO E DE OLVIDO
Para Augusto Meyer
Não quero a negra desnuda.
Não quero o baú do morto.
Eu quero o mapa das nuvens
E um barco bem vagaroso.
Ai esquinas esquecidas...
Ai lampiões de fins de linha...
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?
Que eu vou passando e passando,
Como em busca de outros ares...
Sempre de barco passando,
Cantando os meus quintanares...
No mesmo instante olvidando
Tudo o de que te lembrares.
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