quarta-feira, 26 de setembro de 2018

"La Traviata", por Maria Callas e Alfredo Kraus, em 1958, no Teatro São Carlos, em Lisboa!






Simplesmente memorável!



A presença de Maria Callas, há 60 anos, em Lisboa, 
para protagonizar a ópera "La Traviata", de Verdi, 
no Teatro Nacional de S. Carlos (TNSC), é celebrada 
com uma nova edição internacional em CD, da gravação 
dessa atuação.
Maria Callas subiu ao palco do S. Carlos, no papel de Violetta 
Valéry, no dia 27 de março de 1958, acompanhada por um 
elenco que incluiu Alfredo Kraus, Mario Seremi, Laura Zanini, 
Piero de Palma, Vito Susca, Alessandro Maddalena, e os 
portugueses Maria Cristina de Castro, no papel de "Annina", 
Álvaro Malta, como "barão Douphoi", e Manuel Leitão, 
como "mensageiro". A direção musical da ópera foi do maestro 
Franco Ghione (1886--1964), que esteve à frente do coro e da 
Orquestra Sinfónica do TNSC.
"La Traviata" foi das óperas que Callas mais interpretou. 
Só no período de 1951 a 1958, protagonizou-a mais de 60 vezes, 
em teatros de Roma, Florença, Parma, em Itália, São Paulo e Rio 
de Janeiro, no Brasil, Chicago, Nova Iorque e Dallas, nos Estados 
Unidos, ou na Cidade do México. A encenação que o cineasta 
Luchino Visconti fez desta ópera, para a temporada de 1955/56 
do Alla Scala, de Milão, dirigida por Carlo Maria Giullini, é 
apontada como uma das suas mais notáveis interpretações de 
Violetta Valéry.
Todavia, quando a protagonizou em Lisboa, a soprano nova-
iorquina de origem grega sentir-se-ia muito próxima da 
personagem. O crítico musical John Steane escreveu que, 
no último ato, Callas atingiu "o culminar da grande arte de uma 
cantora operática".
A discográfica Warner, que chancela a nova edição do CD, afirma, 
em comunicado, que "a denominada 'Traviata de Lisboa' insinua 
os problemas privados que Callas começava a enfrentar, e que 
acompanharam a sua carreira até a um final prematuro".
Segundo a Warner, "o que torna esta gravação especial é a forma 
como ela encarna esses problemas no seu desempenho, irradiando 
vulnerabilidade e fragilidade". "A cena de abertura do terceiro ato, 
na qual ela lê da carta de Giorgio Germont [o pai do seu amante] 
e canta 'Addio, del passato', é um dos momentos mais emocionantes 
da ópera em CD".
A discográfica refere que a atual edição apresenta uma gravação 
de "mistura de som adequada" a uma gravação feita ao vivo, 
a partir da fita magnética, "proporcionando um som mais natural e
um ganho percetível na sua fidelidade a esta produção lendária".
A nova edição inclui um 'booklet' com textos de Michel Parouty, 
autor, entre outros livros, de "Mozart Amado dos Deuses" (1991).
Maria Callas (1923-1977) gravou esta ópera em estúdio apenas 
uma vez, em 1953. Gravou-a igualmente no Teatro Alla Scala de 
Milão, em 1955, com o maestro Carlo Maria Giulini.
A atuação da soprano em Lisboa conheceu já várias edições, em 
vinil e CD, pela EMI, pela Myto e pela Warner. 
Em 2000, a Antena 2, detentora das fitas originais, fez uma edição 
particular, na qual incluiu intervenções que antecederam a 
transmissão radiofónica da ópera.
Em setembro do ano passado, a Warner Classics colocou igualmente 
esta versão na integral das gravações de Maria Callas ao vivo, 
feitas durante os anos de atuações em palco, reunidas num só 
volume, depois de recuperadas e sujeitas a nova mistura.
Esta caixa sucedeu à integral das gravações de estúdio, reuniu 20 
óperas completas, em 42 CD e três 'blu-ray'. Apenas doze dessas 
óperas foram gravadas ao vivo pela soprano, entre as quais 
"Parsifal", de Wagner, "Andrea Chénier", de Giordano, 
"Anna Bolena", de Donizetti, "La vestale", de Spontini, e "Armida",
 de Rossini.
(in: dn.pt 09.02.2018  DN/LUSA)

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