quinta-feira, 16 de julho de 2020

Homenagem a Maria Velho da Costa, uma escritora portuguesa

Maria Velho da Costa preencheu muito da sua vida com uma carreira dedicada à escrita e foi condecorada com vários prémios. Deixou uma vasta obra com produção no teatro, no cinema e no romance. Partilho neste post a pesquisa que efetuei:


A CIG lamenta profundamente o falecimento de Maria Velho da Costa, a 23 de maio de 2020, aos 81 anos. A par de Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno (1939-2016), foi co-autora daquele que foi, e continua a ser, um marco na literatura portuguesa para a emancipação das mulheres: as Novas Cartas Portuguesas.

Prémio Camões em 2002, com o título “Myra”, publicado em 2008, recebeu o Prémio PEN Clube de Novelística, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas e o Grande Prémio de Literatura dst. 
https://www.publico.pt/2020/05/23/culturaipsilon/noticia/morreu-escritora-maria-velho-costa-1917871



Maria Velho da Costa é «considerada uma das grandes renovadoras da prosa em português» desde os anos 60 do século passado. Século em que lhe foi instaurado, tal como às restantes co-autoras, um processo judicial, antes da revolução de 25 de Abril 1974, pela co-autoria da já citada obra. Processo judicial que gerou uma forte reação mediática, de dimensões nacionais e internacionais pois muitas foram as vozes que se juntaram em defesa das Três Marias. 

Da sua vasta produção (teatro, argumentista para cinema, contos), será o romance aquele que acolherá a sua maior dedicação e onde mais de destacará. A CIG reúne os seguintes títulos que constituem a sua vasta obra: 

Irene ou o contrato social, Maria Velho da Costa, Lisboa, D. Quixote, 2002; 

Cravo, Maria Velho da Costa, Lisboa, Lisboa, D. Quixote, 1994, 2.ª edição; Moraes, 1975; 

Dores, Maria Velho da Costa, Teresa Dias Coelho, Lisboa, D. Quixote, 1994; 

Maina Mendes, Maria Velho da Costa, prefácio de Eduardo Lourenço, D. Quixote, 1993, 3.ª edição, Moraes, 1977; 

Das Áfricas, José Furtado, Maria Velho da Costa; Lisboa, D. Quixote, 1991; 

Missa in Albis, Maria Velho da Costa, D. Quixote, 1988; 

O mapa cor de rosa: cartas de Londres, desenhos de Oscar Zarate, Lisboa, D. Quixote, 1984; 

Lúcialima, O Jornal, 1983; 

Da rosa fixa, Lisboa, Moraes, 1978; 

Casas pardas, Moraes, 1977; 

Novas cartas portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa , Maria Teresa Horta, Lisboa, Futura, 1974; 

O lugar comum, Lisboa, Morais, 1966; 

in https://www.cig.gov.pt/2020/05/faleceu-maria-velho-da-costa-1939-2020/
(CIG Comissão para a cidadania e igualdade de género Presidência do Conselho de Ministros 2020.05.25) 

in cig.gov.pt


Maria Velho da Costa


Ficcionista portuguesa nascida em Lisboa a 26 de junho de 1938, Maria Velho da Costa morreu a 23 de maio de 2020.

Licenciada em Filologia Germânica, frequentou o curso de Grupoanálise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e de Psiquiatria. Foi presidente da Associação Portuguesa de Escritores e dirigiu a revista literária Loreto 13 (1978-1988). Tendo lecionado em Londres, entre 1980 e 1987, foi ainda adida cultural da Embaixada de Portugal em Cabo Verde, entre 1988 e 1990.

Maria Velho da Costa estreou-se com um livro de contos, O Lugar Comum, mas só após a publicação de Maina Mendes inauguraria na escrita contemporânea uma poética romanesca original, fundada "na trama de uma escrita densa e plural, de um virtuosismo sem exemplo entre nós" (cf. LOURENÇO, Eduardo - O Canto do Signo, Lisboa, Presença, 1994, p. 192). Para Eduardo Lourenço, o "sortilégio" de Maina Mendes" exige uma lenta impregnação da sua matéria textual, de poderes encantatórios pouco comuns, tão visivelmente marcada como está pela aventura poética mais inovadora dos nossos últimos trinta anos e a sua conatural autonomia, mas ao mesmo tempo desviada em profundidade do seu emprego descritivo por um metaforismo implícito e permanente a que só o devir da narração confere verosimilhança sem nunca o petrificar" " (id. ibi., p. 193).

Com a colaboração, ao lado de Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, nas Novas Cartas Portuguesas, obra reprimida pela censura (que valeu, inclusive, às autoras a instauração de um processo que terminou em absolvição depois do 25 de abril) e largamente difundida a nível internacional, o seu nome ficou celebrizado dentro de um registo de exaltação do corpo, de libertação feminina e de denúncia das hipocrisias e repressões do mundo social.

A publicação de Casas Pardas, em 1977, confirma a aventura romanesca de Maria Velho da Costa como uma das mais subversivas da atualidade, desconstruindo, pela sua irradiação textual, todos os níveis da escrita, desde a ligação sintática até aos moldes de leitura tradicionais, exigindo pela sua radical abertura e pulverização discursiva um papel ativo do leitor. Neste romance, como em Lucialima ou nas obras subsequentes, é pertinente a perspetiva apresentada por Maria Alzira Seixo a propósito de Casas Pardas, ao afirmar que é numa "dialética de construção cerrada e de abertura de sentido que o percurso do texto se estende, dividido entre a representação e a produção, ao mesmo tempo súmula do que pode ainda dar a forma romanesca tradicional e a abertura para as vias de uma atual forma do seu entendimento".

Maria Velho da Costa foi distinguida com o Prémio Cidade de Lisboa, pelo romance Casa Pardas (1977), com o Prémio D. Dinis, por Lucialima (1983) e com o Prémio de Novela e Romance da APE, pelo romance Irene ou o Contrato Social (2000). Em 2002 foi distinguida com o Prémio Camões e no ano seguinte foi condecorada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 2011 recebeu a condecoração de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e em 2013 o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores. 

Maria Velho da Costa in Infopédia [em linha].
[consult. 2020-07-16 16:00:49].
Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/

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