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"Vá, Paris, deixa-te estar assim engalanada
para o júbilo de um século
em que queres ser cortesã e rainha,
amante dos poetas e concubina dos pintores.
Escolhi-te para me exilar de mim,
para perder o rosto e a lembrança
no delírio de absinto dos teus "bistrots",
para não ficar refém de uma lamúria
portuguesa, tentacular e visceral
que se cola à minha fala
como uma baba de animal rasteiro
nos muros brancos e mornos de setembro.
A minha tragédia sempre foi esta:
ser da aldeia do mundo, sem ser
de lado nenhum dentro de mim.
(António Nobre)
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