terça-feira, 13 de setembro de 2022

Jean-Luc Godard, esse grande cineasta da Nouvelle Vague Francesa, deixou-nos hoje, aos 91 anos!

French Cinema Legend Jean-Luc Godard Dies At 91
in ndtv.com

Jean-Luc Godard morreu através de suicídio assistido — era o seu desejo

O cineasta franco-suíço tinha 91 anos e não estava doente. Já tinha dito numa entrevista que era algo em que estava a ponderar.

O cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, enorme figura do cinema mundial e um dos principais rostos da Nouvelle Vague francesa, morreu aos 91 anos esta terça-feira, 13 de setembro. Entretanto, o jornal francês “Libération” confirmou junto da família e de fontes próximas que se tratou de suicídio assistido, procedimento que é legal na Suíça, onde Godard vivia desde os anos 70.

O próprio realizador já havia dado a entender que era este o seu desejo. Numa entrevista em 2014 no Festival de Cinema de Cannes, interrompeu a pergunta de um jornalista que tinha começado a questão com “Quando morrer, o mais tardiamente possível…”. Respondeu: “Não necessariamente o mais tarde possível”.

“Não está com pressa, pois não?”, questionou o repórter. “Não estou ansioso. Mas se estiver demasiado doente, não quero ser arrastado num carrinho de mão… De todo”, disse, antes de confirmar a sua intenção de eventualmente recorrer ao suicídio assistido.

A informação foi confirmada pela própria família de Jean-Luc Godard. “Não estava doente, estava simplesmente exausto”, disse um familiar ao “Libération”. “Por isso tomou a decisão de acabar com aquilo. Foi a sua decisão e era importante para ele que isso fosse sabido.”

Não só era um procedimento em que o cineasta pensava há vários anos, como o próprio suicídio era uma questão sobre a qual o autor refletia há muito tempo. “Godard é fascinado pelo suicídio”, escreveu o crítico de cinema Jean-Luc Douin no livro “Jean-Luc Godard. Dictionary of Passions”. 

Douin deu um exemplo. Quando era novo, Godard costumava carregar consigo uma lâmina na carteira. “O Eric Rohmer encontrou-o um dia no seu estúdio, a tomar banho no próprio sangue. Numa noite, durante as gravações de ‘Uma Mulher é Uma Mulher’, discutiu tão violentamente com Anna Karina que cortou os pulsos.” Em 2004, confessou numa entrevista ter tentado o suicídio depois de 1968.

Godard foi responsável por obras-primas como “O Acossado”, “O Desprezo” e “Pedro, o Louco”, entre outros. Nove dos seus filmes fizeram parte das seleções oficiais do Festival de Cannes. Venceu o Urso de Prata de Melhor Realização no Festival de Berlim com “O Acossado” em 1960, uma Palma de Ouro especial no Festival de Cinema de Cannes de 2018 pelo documentário “O Livro de Imagem”, dois Césares Honorários (em 1987 e 1998) e um Óscar Honorário em 2010, pela paixão e “confrontação” da sua arte.

Este ano, o Doclisboa vai ser dedicado a Jean-Luc Godard. A 20.ª edição do festival de cinema vai decorrer entre 6 e 16 de outubro em várias salas da capital portuguesa. Será exibido o documentário “Godard Cinema”, de Cyril Leuthy.

TEXTO DE Ricardo Farinha (in nit.pt) (13.09.2022)

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Realizador Jean-Luc Godard morre aos 91 anos - Economia - Jornal de Negócios
in jornaldenegocios.pt


Jean-Luc Godard (Paris, 3 de dezembro de 1930 - Rolle, 13 de setembro de 2022) foi um cineasta, roteirista e crítico de cinema franco-suíço. Ele ganhou destaque como pioneiro no movimento de filmes franceses da Nouvelle vague dos anos 1960.

Como seus contemporâneos, Godard criticou a "Tradição de Qualidade" do cinema francês, que "enfatizava o ofício sobre a inovação, privilegiava os diretores estabelecidos sobre os novos e preferia as grandes obras do passado à experimentação". Como resultado de tal argumento, ele e críticos com a mesma opinião começaram a fazer seus próprios filmes. Muitas das obras cinematográfica de Godard desafiam as convenções da Hollywood tradicional, além do cinema francês. Em 1964, Godard descreveu o impacto de seus colegas: "Entramos no cinema como homens das cavernas no Versalhes de Luís XV". Ele é frequentemente considerado o cineasta francês mais radical das décadas de 1960 e 1970; a abordagem em convenções cinematográficas, política e filosofias fez dele o diretor mais influente da Nouvelle vague. Além de mostrar o conhecimento da história do cinema através de homenagens e referências, vários de seus filmes expressaram suas opiniões políticas; ele era um ávido leitor da filosofia existencial e marxista. Desde então, sua política tem sido muito menos radical e seus filmes recentes são sobre representação e conflito humano de uma perspectiva humanista e marxista.

Em uma pesquisa da Sight & Sound em 2002, Godard ficou em terceiro lugar numa lista da crítica entre os dez principais diretores de todos os tempos. Diz-se que ele "criou um dos maiores corpos de análise crítica que qualquer outro cineasta desde meados do século XX". Ele e seu trabalho têm sido centrais na teoria narrativa e "desafiaram as normas comerciais do cinema narrativo e o vocabulário da crítica de cinema." Em 2010, Godard recebeu um Oscar Honorário, mas não compareceu à cerimônia de premiação. Os filmes de Godard inspiraram muitos diretores, incluindo Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Brian De Palma, Steven Soderbergh, D. A. PennebakerRobert Altman, Jim Jarmusch, Wong Kar-wai, Wim Wenders, Bernardo Bertolucci, e Pier Paolo Pasolini.

Por parte do pai, ele é primo de Pedro Pablo Kuczynski, ex-presidente do Peru. Ele foi casado duas vezes, com as atrizes Anna Karina e Anne Wiazemsky, ambas estreladas em vários de seus filmes. Suas colaborações com Karina - que incluíram filmes aclamados pela crítica como Bande à part (1964) e Pierrot le Fou (1965) - foram chamadas "indiscutivelmente o corpo de trabalho mais influente na história do cinema" pela revista Filmmaker.

FONTE: pt.wikipedia.org


in pt.wikipedia.org

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