quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

NATAL: a origem desta palavra

Natal: Igreja celebra nascimento de Jesus em data marcada pelo simbolismo -  Agência ECCLESIA
imagem in agencia.ecclesia.pt


Uma das cerimónias cristãs mais importantes, é, sem dúvida, o NATAL.

É interessante verificar a etimologia desta palavra, com origem no latim, natalis.

Esta refere-se ao nascimento (natal), e é derivado do verbo nasci que originou nascer. 

"Foi o termo naturalmente escolhido para designar o dia do nascimento de Jesus.", segundo Pedro Braga Falcão (in Palavras que falam por nós, Clube do Autor, S.A. 2014)

domingo, 11 de dezembro de 2022

Dezembro: origem do nome do mês

30 Curiosidades sobre o mês de dezembro
(imagem in topmelhores.com.br)


A origem do nome do mês "dezembro": 

  • a explicação que encontrei é que "Era o décimo mês (Dezembro) - embora na verdade seja o décimo segundo, nos dias de hoje" - Almanaque da Língua Portuguesa, de Marco Neves, Guerra e Paz, Livros CMTV

Na mesma página deste Almanaque onde encontrei esta explicação, pode ler-se o seguinte texto escolhido pelo autor, onde aparece o nome "Dezembro": 

"A Morgadinha dos Canaviais 

Ao cair de uma tarde de Dezembro, de sincero e genuíno Dezembro, chuvoso, frio, açoutado do sul e sem contrafeitos sorrisos de Primavera, subiam dois viandantes a encosta de um monte por a estreita e sinuosa vereda, que pretensiosamente gozava das honras de estrada, à falta de competidora, em que melhor coubessem." 

                                                                                   Júlio Dinis

Dezembro – Wikipédia, a enciclopédia livre
in pt.wikipedia.org 

sábado, 10 de dezembro de 2022

Fernando Pádua - o médico do coração. Homenagem ao Professor

imagem obtida in lifestyle.sapo.pt




Presto a minha sentida homenagem a uma grande figura pública: a um Médico e Professor, que tanto lutou pelos bons hábitos de vida saudáveis dos portugueses. 

No fundo, a luta era para que tivéssemos uma boa qualidade de vida e, por isso, 

temos de lhe estar todos muito agradecidos! 

Quando se falava dele, ouvia-se as pessoas dizerem: "O Dr Fernando Pádua? Ah! Aquele médico do coração que anda sempre de lacinho"...

Ficará eternamente conhecido por tudo isso!

Morreu Fernando de Pádua, cardiologista pioneiro na medicina preventiva em Portugal

O profissional sempre defendeu uma visão preventiva para evitar a doença, através da divulgação de hábitos de vida saudáveis.

texto
Patrícia Santos

Fernando de Pádua, conhecido pelas lutas que empreendeu contra o tabagismo e o abuso do sal, morreu esta quinta-feira, 8 de dezembro, aos 95 anos de idade.

“É com enorme tristeza e consternação, que comunicamos a ‘partida’ do nosso muito querido professor! Deixou-nos hoje ao amanhecer. As palavras são poucas para agradecer o tanto que fez pelos Corações de todos nós! Lutou incansavelmente até ao fim dos seus dias para a melhor saúde e melhor qualidade de vida de cada um”, lê-se na nota da Fundação Professor Fernando de Pádua, aqui citada pelo “Jornal de Notícias”.

O profissional, conhecido como “professor do coração” ou “médico do lacinho”, pelo acessório que sempre usava, defendeu, incansavelmente, uma visão preventiva para evitar a doença, através da divulgação de hábitos de vida saudáveis e bem-estar.

Ao longo da carreira, o professor catedrático jubilado e presidente do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva foi fundador da Fundação Portuguesa de Cardiologia e cofundador da Sociedade Internacional de Eletrocardiografia. A Medalha de Ouro por Serviços Distintos, que recebeu em 1997 pelas mãos de Maria de Belém Roseira, então ministra da Saúde, e o Grande Colar de “Oficial da Ordem de Santiago da Espada”, atribuído em 2005 por Jorge Sampaio, Presidente da República na altura, são algumas das distinções conquistadas por Pádua.

Em 2007, o especialista foi agraciado com o Prémio Nacional de Saúde, como reconhecimento do seu “pioneirismo” e “dedicação do trabalho de promoção e prevenção”.

Manuel Pizarro, ministro da Saúde, já reagiu à perda. “Foi com profunda consternação que recebi a notícia do falecimento do professor Fernando de Pádua”, começa por dizer Pizarro, citado pelo “Notícias ao Minuto”. Este destacou ainda o papel “absolutamente pioneiro” do cardiologista na prática e divulgação da prevenção, assim como na educação para a saúde, “sempre em prol do bem-estar e da saúde dos portugueses”.

“Conciliou sempre as suas qualidades humanas, próximo, alegre e disponível, com a excelência profissional, ao dedicar uma parte substancial da sua vida à promoção de hábitos de vida saudáveis”, acrescentou, antes de concluir que o legado do profissional se perpetuará “no enorme lastro” do trabalho que deixa e na missa da fundação homónima.

FONTE: in nit.pt

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Rainha e Padroeira de Portugal: a Imaculada Conceição! Hoje, 8 de dezembro é feriado!

Imaculada Conceição rege Portugal desde 1646
imagem em odigital.sapo.pt


Partilho aqui a explicação que encontrei nas minhas pesquisas sobre este dia feriado, 8 de dezembro.

Sabe porque é feriado no dia 8 de dezembro?

08-12-2022 09:46 | País

Mafalda Miranda

O feriado do dia 8 dezembro assinala o dia da Imaculada Conceição ou Nossa Senhora da Conceição concebida sem mácula, ou seja, sem marca do pecado original, o que recebeu o título de dogma da religião católica no dia 8 de dezembro de 1854. Assim sendo, esta é uma data de grande significado para a Igreja Católica.

Muito antes de ser considerado um dogma, a celebração da data universal já havia sido decretada em 1476 pelo Papa Sisto IV. A 25 de março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência de Portugal a Espanha, data que se assinalou na passada quinta-feira, a 1 de dezembro.

De seguida, foi até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição e declarou-a padroeira e rainha de Portugal. Desde essa altura que mais nenhum rei português usou a coroa na cabeça, pois era um privilégio que estava disponível apenas para a Imaculada Conceição.

Ao longo de muitos séculos, o Dia da Mãe era comemorado no dia 8 de dezembro. No entanto, a data de comemoração foi alterada e, atualmente, é celebrada no mês de maio por ser considerado o mês de Nossa Senhora.

FONTE: in portocanal.sapo.pt

domingo, 4 de dezembro de 2022

Bacalhau da Consoada

Esta é uma receita do Pingo Doce:


imagem in pingodoce.pt
 
Bacalhau da Consoada

50 min

Fácil

6 pessoas

4.0Preserve as tradições da cozinha simples e cheia de sabores antigos. Este bacalhau da Consoada é um segredo que se reinventa à mesa dos portugueses todos os natais. 



Passo 1
Disponha os lombos de bacalhau num tacho, cubra-os com água, junte um dente de alho esborrachado e a folha de louro. Tempere com uma colher de chá de sal e reserve.
Passo 2
Entretanto, separe as folhas de couve, elimine o talo central e coza-as em água a ferver até estarem tenras.
Passo 3
Coloque os ovos e as batatas descascadas noutro tacho, cubra com água e tempere com uma colher de chá de sal. Passados 10 minutos de a água estar a ferver retire os ovos e deixe cozer as batatas por mais 15 minutos ou até estarem tenras.
Passo 4
Aqueça duas colheres de sopa de azeite numa frigideira larga antiaderente, junte os restantes dentes de alho picados e as cenouras já descongeladas. Salteie durante 15 minutos sobre lume moderado.
Passo 5
Ao mesmo tempo, escorra muito bem as folhas de couve e leve o bacalhau ao lume, deixando ferver suavemente durante cerca de 8 minutos, ou até começar a abrir em lasca.
Passo 6
Pique a couve grosseiramente em tiras e adicione-a às cenouras. Tempere com o restante sal e pimenta moída na altura e salteie, mexendo ocasionalmente, até as cenouras estarem tenras. Junte as batatas escorridas e envolva delicadamente.
Passo 7
Coloque os legumes na travessa de serviço e por cima disponha os lombos de bacalhau, sem pele e limpos das espinhas maiores. Regue com o restante azeite e decore com os ovos cozidos cortados ao meio.

Resumo nutricional
Por dose e por % do VDR*
Energia
353 Kcal
18%
Gordura
13 g
19%
Gorduras saturadas
2,5 g
12%
* Valor Diário de Referência: Adulto

Encontrei esta receita em pingodoce.pt

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

1º de dezembro - o feriado mais antigo de Portugal

Porque hoje dia 1 de Dezembro é feriado? - Mundo Português
imagem obtida in mundoportugues.pt

O que nos diz sobre o 1º de dezembro o Sumário de História de Portugal, de Tomás de Barros? 

Sim, o que podemos ler nesse livrinho tão antigo por onde estudámos História na nossa instrução primária? Refiro-me obviamente aos que a estudaram nos anos 50/60...

Passo a transcrever:

"Revolução de 1640  

A Pátria já não podia suportar mais afrontas; a situação tornara-se insuportável. Mas chegava o momento ajustado. Ao amanhecer o dia 1º de Dezembro de 1640, quarenta fidalgos chefiados pelo Dr João Pinto Ribeiro, lançaram-se na redentora aventura: penetraram no paço da Ribeira onde vivia a vice-rainha, Duquesa de Mântua, e mataram o seu secretário - português traidor - Miguel de Vasconcelos. Ali mesmo proclamaram rei de Portugal D. João, 8º Duque de Bragança, com o nome de D. João IV. Estava ganha a revolução. Portugal tinha sacudido a dominação espanhola, que durara 60 anos, e restaurado a sua independência. Assim começou a 4ª dinastia, chamada de Bragança ou Brigantina.

Observação - os 40 fidalgos planearam a revolução de 1640 no palácio de Dom Antão de Almada, onde se reuniram, apoiados pelo Duque de Bragança. Além do Dr. João Pinto Ribeiro e de D. Antão de Almada, merecem referência mais os seguintes conjurados: Dr. Sanches de Baena, D. Miguel de Almeida, Pinto de Mendonça, P.e Nicolau da Maia, D. Pelo de Meneses, D. Carlota de Noronha, etc. Conta-se que D. Luísa de Gusmão, esposa do Duque de Bragança, quando este lhe contou o plano da revolução, aplaudiu-o, acrescentando: "Vale mais viver reinando do que acabar servindo".

ANOTAÇÕES

Portugueses Ilustres 

No decurso deste período são dignos, também, de especial referência: 

Reinado de Filipe I 

- Paulo Dias de Novais, conquistador de Angola e fundador da cidade de São Paulo de Luanda.

Reinado de Filipe II 

André de Mendonça, heróico defensor das Molucas. 

- Manuel Godinho Herédia, notável cosmógrafo e descobridor da Austrália.

- Manuel de Sousa Coutinho (frei Luís de Sousa), insigne homem de letras. 

Reinado de Filipe III

Manuel de Faria e Sousa, fecundo escritor.

...(...)... (...)...

Quanto tempo durou a dominação Filipina?

Durou 60anos, de tristes recordações.

FONTE: Sumário de História de Portugal, de Tomás de Barros (Com narrativa dos factos principais, iconografia dos Chefes de Estado, recapitulação em questionário e variados exercícios para a 4ª CLASSE do ensino Primário e Admissão aos Liceus. 24ª Edição - Editora Educação Nacional de Adolfo Machado - Rua do Almada, 125 - Porto)

terça-feira, 29 de novembro de 2022

TRABALHO - a história complexa desta palavra e a sua etimologia!

Ao procurar a etimologia da palavra "trabalho" encontrei uma explicação que achei interessante. Tem uma história que eu quase diria "inimaginável", de tão complexa que é!

Transcrevo de seguida o texto em português (tentativa de tradução minha, com "ajuda" do Google...) e mais abaixo, o original em língua francesa, resultado da minha pesquisa sobre a origem desta palavra tão importante como é o "trabalho" e o que ele representa para todos nós. 

Gostei da explicação e da sua verdadeira história: sim, porque todas as palavras têm uma "história" por mais "dura" que possa ser!

Outrora um instrumento de tortura, o trabalho abriu caminho 

Ao contrário da palavra “emprego”, a que está associada, a etimologia de “trabalho” é atormentada. Derivado do latim "tripalium", que designava máquina de ferrar bois, o trabalho hoje serve como laço social 

Florêncio Artigot * 
Publicado a 15 de janeiro de 1999 
Esfoladas, desmembradas, esmagadas, inchadas por uns, castradas por outros, as palavras acabam por se tornar, como estas camadas geológicas depositárias de um passado, as testemunhas das mentalidades que atravessaram. 
Refletindo certos costumes, a linguagem não passa pela história sem marcas. "Trabalho" e "emprego", na boca de todos hoje, estão entre aquelas palavras que a história não poupou. Se esses termos são hoje carregados de valores positivos, é porque eles são o último elo social, uma espécie de cordão umbilical, entre o indivíduo e a sociedade. O emprego, esta fonte de rendimento e integração na sociedade, está cada vez mais raro e, por força das circunstâncias, está a tornar-se um bem raro. Nesse sentido, a etimologia da palavra trabalho, ou seja, a história de sua vida, é no mínimo surpreendente. Voltar atrás no tempo toca em origens distantes, sejam latinas ou francas. “Trabalho” vem da palavra latina baixa tripalium, que é literalmente uma máquina feita de três estacas. No entanto, o tripalium foi este instrumento usado em 1000 para ferrar bois e cavalos difíceis e caprichosos. Mas era comumente usado quando era necessário punir pecadores e recalcitrantes. Para os animais, era uma ferramenta de trabalho, para os homens, um instrumento de tortura. Origens e raízes privam esta palavra de seu brilho e brilho.

O Trabalho como valor 

Durante o segundo milénio, o seu significado deteriora-se  e enfraquece. No século XII, o francês antigo usava invariavelmente "trabalhar" e "fazer sofrer". Moral ou fisicamente, nem é preciso dizer. Mais tarde, trabalhar significa 'molestar', 'danificar' ou 'bater'. A frase "trabalhar as costelas de alguém" vem daí. Dá então origem a outra metáfora: "trabalhar o adversário ao corpo", que sugere que o referido adversário terá de passar um mau quarto de hora. Então o espírito, na vida desta palavra, assume o corpo. "Trabalhar a mente" e seu uso coloquial "trabalha a mente" são apenas algumas expressões entre muitas que marcam a mudança. Ao mesmo tempo, como Alain Rey, autor do recente "Dicionário Histórico da Língua Francesa" ** aponta, "a ideia de transformação da matéria prevalece gradualmente sobre a de fadiga ou dor". No final, o domínio do homem sobre a natureza só pode ser alcançado através do trabalho. Isso requer esforço, é claro, mas esse esforço será recompensado e a mãe natureza dominada.

Abundância de trabalho, escassez de emprego

Trabalhamos o ferro enquanto trabalhamos a massa. Nós deformamos as coisas, nós as transformamos. A máquina começa a funcionar, o que reduz o sofrimento humano. A técnica é introduzida nos processos de fabricação e o trabalho é elevado ao patamar de grandes valores. Conseguimos criar criando a nós mesmos, pelo menos é o que dizem alguns teóricos para quem o trabalho é o caminho para a liberdade. Curioso destino desse instrumento de tortura, o tripalium, que finalmente permitirá ao homem sofrer menos. A vida da palavra "emprego" é um rio mais calmo. Poucas variações de significado. Se “empregar” vem do latim implicare, que significa “dobrar” ou “torcer, enredar”, esta palavra é usada principalmente no sentido de “colocar, fazer uso”. Na Chanson de Roland, as armas eram usadas à medida que os golpes eram usados. A partir do século XVII, empregar alguém era fazê-lo trabalhar por conta própria. A noção de serviço foi inoculada no termo. No mundo do show business, a expressão figurativa "ter a cara do ofício" mostra até que ponto a cara é a ferramenta de trabalho do ator, esse prestador de serviços. Mas a palavra "emprego", embora a sua história nos leve às fontes do latim, afirmou-se e ocupou o seu lugar no nosso vocabulário desde o momento em que se associou à economia e ao inglês.
Na verdade, esse termo como é usado hoje é a tradução de emprego e empregar. Assim, a ideia de função e carga vinda do inglês torna-se dominante. A forma "pleno emprego", tradução literal de pleno emprego apenas confirma essa relação de parentesco. Mas a confusão pode ser grande entre esses dois termos. Se o emprego é escasso, o trabalho é abundante. Muitas vezes visto como um bem, o trabalho é, na verdade, apenas um recurso. É apenas um contributo utilizado com maior ou menor eficiência num processo produtivo. Se a população ativa aumenta, por exemplo, o recurso mão-de-obra também aumenta, porque há mais mãos para trabalhar e mais cabeças para pensar. O mesmo não ocorre com o emprego, que é uma demanda de serviços e know-how por parte das empresas. No entanto, é esta procura (emprego) que tende a escassear. É ela que em certos segmentos da economia tende a encolher. Quando certos políticos se propõem a repartir a obra, sendo esta superabundante, fazem, ao lapidar esta catástrofe semântica, apenas para aumentar a confusão e perturbar o debate. 
Como escreve Alain Rey: “Essas palavras, acreditamos que as usamos, quando muitas vezes são elas que nos conduzem, pela carga que a história colocou nos sons e nas letras”.

** “Dicionário histórico da língua francesa”, Alain Rey. Edições Robert, Paris, 1998. 
* Economista, Universidade de Neuchâtel.

FONTE:
in https://www.letemps.ch/economie/jadis-instrument-torture-travail-su-faire-chemin


Agora, segue-se o texto pesquisado e cujo original é em língua francesa


tripalium – DIÁRIO DE UM LINGUISTA
image obtenue in diariodeumlinguista.com


Jadis instrument de torture, le travail a su faire son chemin

Contrairement au mot «emploi», auquel on l'associe, l'étymologie du «travail» est tourmentée. Issu du latin «tripalium», qui désignait une machine à ferrer les bœufs, le travail sert aujourd'hui de lien social

Florencio Artigot *

Publié 15 janvier 1999 

Ecorchés, dépecés, broyés, boursouflés par certains, castrés par d'autres, les mots finissent par devenir, comme ces couches géologiques dépositaires d'un passé, les témoins des mentalités qu'ils ont traversées. Reflet de certaines coutumes, la langue ne traverse pas l'histoire sans cicatrices. «Travail» et «emploi», aujourd'hui sur toutes les lèvres, font partie de ces mots que l'histoire n'a pas ménagés. Si ces termes sont aujourd'hui chargés de valeurs positives, c'est qu'ils sont le dernier lien social, sorte de cordon ombilical, entre l'individu et la société. L'emploi, cette source de revenu et d'intégration à la société, se raréfiant, devient par la force des choses une denrée rare.

En ce sens, l'étymologie du mot travail, c'est-à-dire l'histoire de sa vie, est pour le moins surprenante. La remontée dans le temps effleure les origines lointaines, qu'elles soient latines ou franciques. «Travail» est issu du bas latin tripalium, qui est littéralement une machine faite de trois pieux. Or, le tripalium était cet instrument utilisé en 1000 pour ferrer les bœufs et les chevaux difficiles et capricieux. Mais on en faisait couramment usage lorsqu'il fallait punir les pécheurs et les récalcitrants. Pour les animaux, il s'agissait d'un outil de travail, pour les hommes, d'un instrument de torture. Les origines et les racines enlèvent à ce mot partie de son lustre et de sa brillance.

Le travail comme valeur

Pendant le deuxième millénaire, son sens s'altère et s'affaiblit. Au XIIe siècle, l'ancien français utilise invariablement «travailler» et «faire souffrir». Moralement ou physiquement, cela va de soi. Plus tard, travailler veut dire «molester», «endommager» ou «battre». L'expression «travailler les côtes de quelqu'un» vient de là. Elle donne ensuite naissance à une autre métaphore: «travailler l'adversaire au corps», qui laisse à penser que ledit adversaire devra passer un mauvais quart d'heure. Puis l'esprit, dans la vie de ce mot, prend le dessus sur le corps. «Travailler l'esprit» et son emploi familier «ça le travaille» ne sont que quelques expressions parmi tant d'autres qui marquent le changement. En même temps, comme le souligne Alain Rey, auteur du récent «Dictionnaire historique de la langue française»**, «l'idée de transformation de la matière l'emporte peu à peu sur celle de fatigue ou de peine». L'emprise de l'homme sur la nature ne peut finalement se faire que par le travail. Cela demande un effort certes, mais cet effort sera récompensé et dame nature maîtrisée.

Abondance du travail, rareté de l'emploi

On travaille le fer comme on travaille la pâte. On déforme les choses, on les métamorphose. La machine se met à travailler, ce qui réduit les souffrances de l'homme. La technique s'introduit dans les procédés de fabrication et le travail est élevé au rang des grandes valeurs. On arrive à créer tout en se créant, c'est du moins ce que disent certains théoriciens pour qui le travail est le chemin de la liberté. Curieux destin que celui de cet instrument de torture, le tripalium, qui va finalement permettre à l'homme de moins souffrir. La vie du mot «emploi» est un fleuve plus tranquille. Peu de variations de sens. Si «employer» est issu du latin implicare, qui signifie «plier dans» ou «entortiller, emmêler», ce mot est surtout utilisé dans le sens de «placer, faire usage de». Dans la Chanson de Roland, on employait des armes comme on employait des coups. A partir du XVIIe siècle, employer quelqu'un, c'était faire travailler cette personne à son compte. La notion de service était inoculée dans le terme. Dans le monde du spectacle, la locution figurée «avoir la gueule de l'emploi» montre à quel point le visage est l'outil de travail de l'acteur, ce prestataire de service. Mais le mot «emploi», bien que son histoire nous amène aux sources du latin, s'est affirmé et a pris place dans notre vocabulaire à partir du moment où il s'est acoquiné à l'économique et à l'anglais. En fait, ce terme tel qu'il est utilisé de nos jours est la traduction de employment et de to employ. Ainsi, l'idée de fonction et de charge en provenance de l'anglais devient dominante. La forme «plein-emploi», traduction littérale de full employment ne fait que confirmer cette relation de cousinage. Mais la confusion peut être grande entre ces deux termes. Si l'emploi est rare, le travail abonde. Trop souvent vu comme un bien, le travail n'est en fait qu'une ressource. Ce n'est qu'un input utilisé avec plus ou moins d'efficacité dans un processus de production. Si la population active augmente, par exemple, la ressource travail augmente aussi car il y a plus de bras pour œuvrer et de têtes pour réfléchir. Il n'en va pas de même pour l'emploi, qui est une demande de service et de savoir-faire de la part des entreprises. Or, c'est cette demande (l'emploi) qui tend à se raréfier. C'est elle qui dans certains segments de l'économie tend à se réduire comme peau de chagrin. Lorsque certains politiques proposent de partager le travail, alors que celui-ci est surabondant, ils ne font, en lustrant cette catastrophe sémantique, qu'augmenter la confusion et troubler le débat. Comme l'écrit Alain Rey: «Ces mots, nous croyons nous en servir, alors que bien souvent ce sont eux qui nous entraînent, par la charge que l'histoire a mise dans les sons et les lettres.» 

** «Dictionnaire historique de la langue française», Alain Rey. Editions Robert, Paris, 1998.

* Economiste, Université de Neuchâtel.

SOURCE: in https://www.letemps.ch/economie/jadis-instrument-torture-travail-su-faire-chemin

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

As investigações continuam para se apurar a origem do míssil caído na Polónia

Quem disparou o míssil? Polónia avança com investigação e Kremlin recusa  culpas - Renascença
imagem obtida in rr.sapo.pt


Estas são as últimas notícias da Euronews sobre este terrível acontecimento, que trará consequências negativas no contexto desta guerra que nos entra em casa diariamente...

Donde terá partido o míssil que matou duas pessoas na Polónia? Grande incógnita...

Blinken aponta dedo à Rússia

As investigações ainda estão em curso para apurar a origem do míssil que se abateu em território polaco no início da semana mas, para o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, a derradeira responsabilidade é do Kremlin, que iniciou a guerra na Ucrânia.

Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano:"Seja qual for a conclusão final, já sabemos quem é o derradeiro responsável por este incidente trágico: a Rússia."

Peritos ucranianos já chegaram à Polónia, onde esperam colaborar com os investigadores polacos para tentar apurar de onde foi disparado o míssil que fez dois mortos.

O presidente polaco, Andrzej Duda, frisou que a participação da Ucrânia no inquérito deve ser feita de acordo com a legislação internacional. Varsóvia parece disposta, para já, a oferecer apenas uma posição de "observadores" aos peritos ucranianos.

Na aldeia onde caiu o projétil, próxima da fronteira com a Ucrânia, os habitantes ainda estão sob o choque.

Ewa Byra, residente de Przewodow:"Não esperávamos algo assim, apesar de termos uma guerra a acontecer a apenas seis quilómetros da nossa aldeia. Este tipo de acidente pode acontecer a qualquer momento."

Face aos receios de uma escalada no conflito, os líderes ocidentais frisam que se trata provavelmente de um acidente. Apesar da declaração de Blinken, Estados Unidos e NATO apoiam a hipótese de Varsóvia, que acredita que o míssil veio provavelmente da defesa antiaérea ucraniana, o que é rejeitado por Kiev.

in pt.euronews.com.   18.11.2022

"Velho como a Sé de Braga": o que significa esta expressão?

Mais velho que a Sé de Braga - Portuguesices
imagem obtida em portuguesices.com


Esta expressão "velho como a Sé de Braga" é uma expressão popular, que significa "muito velho", "muito antigo". 

Podemos encontrar nos Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas, de António Nogueira Santos (edições João Sá da Costa) várias alusões ao emprego de expressões referentes a mais velho que a Sé de Braga, para significar o mesmo, e que se diz de inúmeras formas: 

  • no tempo dos Afonsinhos (=antigamente,  em desuso)
  • ter barbas
  • no tempo em que Berta fiava
  • no tempo em que se amarrava cachorro com linguiça
  • no tempo da Maria Cachucha/Castanha
  • no tempo do Padre Inácio
  • no tempo da onça
  • no tempo do rei velho
  • velho como a serra 
Mas BRAGA ainda tem muito mais que se lhe diga! Podemos dizer que não se fica por aqui nos estudos já realizados das inúmeras expressões utilizadas, a  partir do seu bom nome.

É uma cidade "rica" em expressões idiomáticas, pois para além da que constitui o título deste post, conhecida também como "mais velho que a Sé de Braga", encontramos no mesmo Dicionário acima referido, outras expressões muito interessantes (algumas bem grosseiras):

Então, "Mandar alguém baixo de Braga" (popular), que é o mesmo que dizer mandar embora; despedir uma pessoa em tom ofensivo de desprezo; o mesmo que mandar alguém àquela/à outra banda (grosseiro) também é considerado o seguinte:
  • variante eufemística de "mandar à merda"
  • mandar embora
  • despedir uma pessoa em tom ofensivo de desprezo
  • mandar tomar banho
  • mandar cavar ou plantar batatas
  • mandar bugiar
  • ir para o diabo que o carregue
  • mandar ao diabo
  • mandar à fava
  • mandar para o inferno 
  • mandar para as profundezas do inferno
  • mandar pentear macacos
  • mandar à missa
  • mandar àquela parte
  • mandar alguém passear
  • mandar alguém para a pata que o pôs
  • mandar jogar o pau com os ursos
  • mandar alguém pra a puta que o pariu
  • mandar para o raio que o parta
  • mandar lamber sabão
  • mandar à tábua (mandar embora em tom de desprezo)
E o que dizer da expressão "Ver Braga por um canudo"? É uma expressão popular que significa:
  • não ver nada
  • ser ludibriado, não recebendo o quinhão que lhe cabia
Fica aqui bem expressa, a riqueza...da língua portuguesa...!

terça-feira, 15 de novembro de 2022

O grego e o latim e a sua história

Partilho neste meu post um artigo de opinião escrito por Marco Neves, em 24.sapo.pt  a 14.11.2022. 

É sobre a história do latim e do grego e tenho a dizer que o achei SIMPLESMENTE FASCINANTE! 

Livro de Marco Neves enumera as palavras que a língua portuguesa deu ao  mundo - Mundo Português
imagem obtida in mundoportugues.pt

História de duas línguas: grego e latim

1. Línguas de Jerusalém por volta do ano 30 d. C.

Quando Mel Gibson imaginou a condenação e execução de Cristo no filme A Paixão de 2006, tentou ser mais realista do que os tradicionais filmes bíblicos em que tanto judeus como romanos falam inglês… Pôs, assim, os judeus a conversar em aramaico e os romanos a conversar em latim.

Quanto ao aramaico, nada a dizer: era a língua da rua entre os judeus da época − uma língua que, diga-se, ainda hoje é falada em algumas comunidades do Médio Oriente, embora com as inevitáveis mudanças que 2000 anos impõem a qualquer língua. O hebraico era já uma língua essencialmente litúrgica − não se falava na rua na época de Cristo, mas voltou a ouvir-se na zona muito depois, quando foi ressuscitada como língua nacional de Israel. A recuperação de uma língua litúrgica é tão espantosa como se hoje voltássemos a recuperar o latim e o ensinássemos, desde a infância, aos nossos filhos, recuperando uma língua que já não se fala há milénios.

Mel Gibson tentou fazer isso mesmo em pequena escala: recuperar o latim e voltar a ouvi-lo como língua da rua. O esforço é louvável, mas esbarramos logo no problema da pronúncia: a pronúncia do filme é a do latim medieval, em que o <c> antes de <e> ou <i> se lia como em italiano. Durante o Império Romano, a leitura seria sempre /k/. O nome de Cícero, em latim, lia-se /’kikero/.

Mas há um problema mais grave: o mais provável é que os romanos daquela zona falassem grego, a língua mais importante do Mediterrâneo oriental dessa época. Mesmo que falassem latim, não seria a língua da rua em Jerusalém. (Aliás, mesmo em Itália, o latim ainda não era a língua de todo o território. Muitas inscrições em Pompeia estavam em osco, uma língua itálica diferente do latim.)

A língua do Império no Levante era o grego. Foi em grego que se desenvolveu uma tradição literária importantíssima, que o latim viria depois a imitar (com grande sucesso, diga-se). Esta tradição inclui as obras homéricas, mas também o Novo Testamento.

2. Línguas do Império

O grego e o latim são duas línguas indo-europeias entre muitas, mas a sua história tornou-as línguas importantes, línguas do Império, línguas da escrita.

O latim foi a língua do Ocidente mediterrânico e o grego a língua do Oriente mediterrânico − mas as fronteiras não são claras: houve colónias gregas na Península Ibérica e também era possível ouvir latim em Jerusalém (embora menos do que pensa Mel Gibson). Os Romanos reinventaram o alfabeto grego, imitaram o esplendor literário do grego, foram buscar muitas palavras gregas e ainda hoje ouvimos muito grego quando falamos português.

O latim e o grego eram as línguas com gramática, as línguas da literatura, de Homero a Horácio. Cada uma delas tinha um conjunto de funções e um prestígio um pouco diferente. O grego era a língua da epopeia, o latim era a língua do direito − mas também foi depois a língua da epopeia, numa tentativa de alçar o prestígio da língua espelhada, muito tempo depois, na maneira como Camões escreveu uma epopeia em português. A tradução latina da Bíblia tornou-se a versão oficial, o Novo Testamento foi escrito em grego…

Podia continuar por um capítulo inteiro, mas não vale a pena: todos sabemos que o latim e o grego são as grandes línguas da Antiguidade − são as línguas clássicas, com uma importância só rivalizada, em contextos religiosos, pelo hebraico. É difícil exagerar a forma como estas duas línguas ganharam um lugar especial entre as línguas da Europa, um lugar marcado pela importância do seu uso na escrita.

3. Línguas que sobreviveram

Depois da Antiguidade, a sorte de ambas as línguas parece ter sido muito diferente. Hoje já ninguém afirma ter o latim como língua materna − embora muitos continuem a estudá-lo −, enquanto o grego é língua falada por milhões, na Grécia e em Chipre. No entanto, se olharmos com atenção para o que aconteceu com as duas línguas, percebemos que o latim nunca chegou a morrer − mudou, sim, e mudou muito. Mas isso também aconteceu ao grego…

Note-se: há muitas línguas que morrem − e morrem numa determinada data. Que data é essa? Diria que é o dia em que morre o último falante − ou, talvez, seja melhor dizer que uma língua morre no dia em que morre o penúltimo falante, pois uma língua que não podemos usar para conversar com outra pessoa já não é bem uma língua. Não foi o caso do latim. O latim nunca morreu: continuou a ser usado no dia-a-dia, sem interrupção, acabando por se dividir em vários dialectos que, por sua vez, se tornaram a base de línguas com normas e formas escritas particulares.

Já o grego sobreviveu da mesma forma que o latim: foi mudando, transformando-se noutra coisa, como todas as línguas.

As diferenças entre o caso do latim e do grego são o facto de o grego não se ter dividido em várias línguas (embora, para sermos precisos, convenha referir que existem algumas variantes do grego que são estudadas como línguas separadas) e de darmos o mesmo nome à língua tal como era falada na época clássica e na actualidade.

No entanto, as diferenças entre o grego antigo e o grego moderno são comparáveis (não necessariamente iguais) às diferenças entre o latim e, por exemplo, o português.

É a comparar que percebemos aquilo que é comum e aquilo que é diferente no que estamos a estudar.

(Nota: o grego antigo não era homogéneo, claro está. Variava no espaço − e variava no tempo. O grego clássico de Péricles é diferente do grego do Novo Testamento − este último é denominado grego koiné e serviu como espécie de língua franca no Mediterrâneo oriental.)

4. História do latim

O latim estava associado a uma entidade política − o Império Romano − que, a certa altura, desaparece, pelo menos na forma mais reconhecível. A língua − na sua forma popular − continuou a ser falada na rua e a ser usada na escrita. A escrita, melhor ou pior, manteve a gramática e o léxico da época de ouro da literatura latina.

Já a língua da rua não ficou parada. O latim falado mudou ao longo dos séculos, assumindo diferentes formas em diferentes territórios, assumindo a forma de um continuum dialectal: a variação fazia-se gradualmente, sem fronteiras marcadas entre os vários dialectos do latim; todos compreendiam os vizinhos, mas os habitantes dos extremos dificilmente se compreenderiam; por outro lado, acidentes históricos e geográficos criaram fronteiras mais marcadas aqui e ali. Não terá sido muito diferente do que aconteceu com o proto-itálico, com o proto-indo-europeu e com todas as línguas que vieram antes dessas…

Com o tempo − e falamos de muitos séculos − algumas das variantes do latim começaram a individualizar-se e vários reinos e condados assumiram-nas como línguas próprias − estes dois processos alimentaram-se mutuamente. É verdade que as línguas neolatinas são bem diferentes do latim, mas nunca houve um momento em que se pudesse dizer: o latim morreu e nasceu o português, o castelhano, o catalão, o francês, o italiano, o romeno ou outra das línguas latinas.

A transformação do latim nas línguas neolatinas foi um processo contínuo − e também um processo complexo, com várias influências de línguas anteriores e línguas vizinhas, entre outros interessantes episódios de um enredo que só conhecemos parcialmente.

Da mesma forma, mesmo durante os séculos em que a língua teve o nome de latim e era parecida com a língua que conhecemos das gramáticas latinas, a sua gramática e o seu léxico nunca estiveram parados. O latim tinha uma norma escrita e oral, mas variava − no espaço e no tempo. O próprio latim já vinha de línguas anteriores, que não morreram: transformaram-se no latim…

Em paralelo à sua transformação nas línguas neolatinas, o latim, na escrita, manteve-se importante em muitos âmbitos − a começar pelo eclesiástico − onde ainda hoje é usado e aprendido. É, de facto, um caso extraordinário de sobrevivência linguística. Continuamos a ter gramáticas, dicionários e uma imensa literatura em latim − se pensarmos que cada língua é um rio que percorre vales pouco iluminados e florestas obscuras até chegar ao que é hoje, o latim é um pedaço de rio iluminado por mil holofotes. Mas o rio vinha de trás e continuou…

(Sobre o funcionamento do latim, mas também sobre a sua História, temos a recente Nova Gramática do Latim, Quetzal, 2019, de Frederico Lourenço.)

5. História do grego

Já o grego passou pelo mesmo processo, mas sem a divisão em várias normas escritas. O grego clássico nunca deixou de ser estudado, pelo menos como forma de acesso à literatura da Antiguidade, mas o grego das ruas foi mudando, como seria de esperar, com tantos séculos de permeio e tanto que aconteceu, desde a existência por tantos séculos do Império Bizantino à integração dos territórios de língua grega no Império Otomano.

Nos séculos XIX e XX, houve uma tentativa de aproximar a língua da sua versão clássica. Esse grego arcaizante chamava-se katharévussa, foi criado no século XIX e chegou a ser adoptado como língua oficial da Grécia, até que o grego demótico, uma norma baseada no grego actual, foi declarado oficial nos anos 70 do século XX. As lutas entre as duas versões do grego foram terríveis. Chegou a haver mortos − e ainda hoje há quem lamente que o katharévussa já não seja oficial.

Na próxima semana, iremos ver o que aconteceu a uma palavra em particular em latim e em grego: água. Há muito para contar...

Baseado num capítulo do livro História do Português desde o Big Bang.

Marco Neves | Professor e tradutor. 
Escreve sobre línguas e outras viagens na página Certas Palavras

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Biden e Xi Jinping reuniram-se esta segunda-feira em Bali, na Indonésia, antes da cimeira do G20

Xi e Biden apertam a mão e selam empenho de EUA e China em ″evitar conflito″
imagem obtida in jn.pt

Biden e Xi Jinping reunidos para aprender com a "História" e "evitar conflitos" 


Joe Biden e Xi Jinping reuniram-se para aprender com a "História" e "evitar conflitos". Os dois líderes norte-americano e chinês encontraram-se antes do arranque da cimeira do G20, que vai decorrer em Bali, na Indonésia, a partir desta terça-feira.

No início daquela que é a primeira reunião presencial entre os dois desde a tomada de posse de Biden, em 2020, o líder chinês disse que, desde a última vez que se encontraram, os dois ganharam “experiência” e aprenderam “lições”.

O presidente norte-americano garantiu que está "comprometido em manter todas as linhas de comunicação abertas" entre os dois diretamente, mas também entre os dois governos.

Este encontro entre Xi e Biden acontece numa altura de tensões renovadas entre China e Estados Unidos provocadas pelas divergências em relação à guerra na Ucrânia, a questão de Taiwan e as restrições impostas por Washington à exportação de equipamento para produção de semicondutores para o país asiático.

in pt.euronews.com    14.11.2022

domingo, 13 de novembro de 2022

Dia Mundial dos Pobres (2022)

Veja a programação do Dia Mundial dos Pobres na Diocese de Santo André –  Diocese de Santo André
imagem obtida in https://www.cnbb.org.br/


Dia Mundial dos Pobres: Papa alerta para impacto global da guerra na Ucrânia

Nov 13, 2022 - 8:30

Francisco critica Rússia por «impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos»
Cidade do Vaticano, 13 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa alerta para o impacto da guerra na Ucrânia sobre as populações mais desfavorecidas do mundo, na sua mensagem para o VI Dia Mundial dos Pobres, apontando a um agravamento da situação, a nível global.

“Nestes momentos, a razão fica obscurecida e quem sofre as consequências é uma multidão de gente simples, que vem juntar-se ao número já elevado de pobres. Como dar uma resposta adequada que leve alívio e paz a tantas pessoas, deixadas à mercê da incerteza e da precariedade?”, questiona Francisco.

Esta jornada celebra-se hoje, penúltimo domingo do ano litúrgico, com o tema ‘Jesus Cristo fez-Se pobre por vós’ (cf. 2 Cor 8, 9).

Francisco denuncia a “insensatez da guerra”, que gera novas formas de pobreza, atingindo em particular “as pessoas indefesas e frágeis”.

O texto elenca, entre as consequências da violência, a “deportação de milhares de pessoas, sobretudo meninos e meninas”, ou, para quem fica nas zonas de confronto, “o medo e a carência de comida, água, cuidados médicos e sobretudo com a falta de afeto familiar”.

“Milhões de mulheres, crianças e idosos veem-se constrangidos a desafiar o perigo das bombas para pôr a vida a salvo, procurando abrigo como refugiados em países vizinhos”, acrescenta.

O Papa destaca que os cenários mais otimistas para o pós-pandemia, que prometiam “alívio a milhões de pessoas empobrecidas pela perda do emprego”, foram alterados pela guerra na Ucrânia, uma “nova catástrofe”.

O conflito no leste da Europa, indica Francisco, “veio juntar-se às guerras regionais que, nestes anos, têm produzido morte e destruição”.

“Aqui, porém, o quadro apresenta-se mais complexo devido à intervenção direta duma ‘superpotência’, que pretende impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos”, adverte.

A mensagem saúda quem se mostrou disponível para abrir as portas a fim e acolher “milhões de refugiados das guerras no Médio Oriente, na África Central e, agora, na Ucrânia”.

Francisco observa, contudo, que a persistência dos conflitos “agravam as suas consequências” e tornam mais difícil esta resposta solidária.

“Este é o momento de não ceder, mas de renovar a motivação inicial. O que começamos precisa de ser levado a cabo com a mesma responsabilidade”, apela.

Como membros da sociedade civil, mantenhamos vivo o apelo aos valores da liberdade, responsabilidade, fraternidade e solidariedade; e, como cristãos, encontremos sempre na caridade, na fé e na esperança o fundamento do nosso ser e da nossa atividade”.

O Papa saúda o “significativo crescimento do bem-estar de muitas famílias” nos vários continentes, como “resultado positivo da iniciativa privada e de leis que sustentaram o crescimento económico, aliado a um incentivo concreto às políticas familiares e à responsabilidade social”.

“Possa este património de segurança e estabilidade alcançado ser agora partilhado com quantos foram obrigados a deixar as suas casas e o seu país para se salvarem e sobreviverem”, deseja.

Francisco convida a refletir sobre a “experiência de fragilidade e limitação”, provocada pela Covid-19, e a “tragédia” da guerra na Ucrânia, com repercussões globais.

“Não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz. A mensagem de Jesus mostra-nos o caminho e faz-nos descobrir a existência duma pobreza que humilha e mata, e há outra pobreza – a dele – que liberta e nos dá serenidade”, aponta.

A mensagem do Papa para a celebração de 2022 foi assinada, simbolicamente, a 13 de junho, dia da festa litúrgica de Santo António.

OC

FONTE: agencia.ecclesia.pt

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Annie Ernaux: Prémio Nobel da Literatura 2022

Hoje, deixo aqui uma sugestão de leitura: "O Acontecimento", de Annie Ernaux, escritora francesa.

Fico muito orgulhosa por uma mulher, Annie Ernaux, ganhar o Prémio Nobel da Literatura 2022.

Já li a obra e aconselho-a vivamente: é uma história autobiográfica, verdadeiramente emocionante!

imagem obtida in https://foreveryoung.sapo.pt/
premio-nobel-da-literatura-2022-escreve-se-no-feminino/

Annie Ernaux vence Prémio Nobel da Literatura
2022/10/07

imagem obtida em cig.gov.pt

A escritora francesa Annie Ernaux é a vencedora do Prémio Nobel da Literatura de 2022, anunciou no dia 6 de outubro a Academia Sueca.

A autora é apenas a 17.ª mulher Nobel da Literatura, num total de 119 pessoas laureadas na história do prémio.

O comunicado do júri destaca como “Ernaux examina, de forma consistente e a partir de diferentes ângulos, uma vida marcada por fortes disparidades de género, língua e classe.”

No ano 2000, é publicado em frança “O acontecimento”, relato autobiográfico de um aborto clandestino. Nesta obra, “uma jovem de 23 anos, estudante universitária brilhante, descobre que está grávida. Tomada pela vergonha, consciente de que aquela gravidez representará um falhanço social para si e para a sua família, sabe que não poderá ter aquela criança. Mas, na França de 1963, o aborto é ilegal e não existe ninguém a quem possa acorrer.” É um romance poderoso sobre sofrimento, justiça e a condição feminina. Escrito por Annie Ernaux em 1999, foi adaptado ao cinema em 2021 por Audrey Diwan, num filme vencedor do Leão de Ouro em Veneza.

Annie Ernaux nasceu em Lillebonne, na Normandia, em 1940, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas. É atualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes. Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019), o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) e o Prémio Nobel da Literatura (2022) pelo conjunto da sua obra, destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional.

FONTE: https://www.cig.gov.pt/2022/10/annie-ernaux-vence-premio-nobel-da-literatura/

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Lula da Silva vence as eleições Presidenciais no Brasil




União Europeia e Estados Unidos reagem à vitória de Lula no Brasil

O regresso de Lula da Silva à presidência do Brasil suscitou reações de várias partes do mundo.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, elogiou as eleições no Brasil e afirma esperar avançar nas relações entre a União Europeia e o Brasil.

O primeiro-ministro português, António Costa, contou-se entre os primeiros chefes de estado a dar os parabéns a Lula pela vitória alcançada.

Reação igualmente do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez que espera vir a trabalhar com o novo governo em prol da justiça social, igualdade e clima.

Reação igualmente do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez que espera vir a trabalhar com o novo governo em prol da justiça social, igualdade e clima.

A Casa Branca reagiu igualmente elogiando a forma como as eleições correram no Brasil esperando agora continuar a cooperação entre os dois países.

Onze anos depois de ocupar o cargo, Lula da Silva venceu o escrutíneo com 50,9% dos votos contra 49,1% de Jair Bolsonaro.

FONTE do texto: in https://pt.euronews.com/2022/10/31